segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Tentação do Saber - Conhecimento

A tentação de inovar, de pensar por si, já é latente no desejo de provar o fruto do conhecimento de Eva.

A tentadora serpente disse a Eva que, no dia que ela comesse o fruto que Deus havia proibido, os olhos dela abririam, e seria como deus, conhecedora do bem e do mal. A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele e comeu.

É difícil ao indivíduo que lê experimentar sem culpa a liberdade do pensamento puro, da inovação. Deus deixou seus ensinamentos, que não é  pecado apenas cair em tentação, mas simplesmente pensar nisso.

No livro de Jó, que narra o primeiro discurso de Elifaz, em determinado momento diz que nas confusões das visões da noite, na hora que o sono se apodera dos humanos, uma palavra chegou até ele furtivamente: "Pode um homem ser justo na presença de Deus, pode um mortal ser puro diante de seu Criador?"

O homem moderno com sua mentalidade ativa, levada a criatividade, gosta, em primeiro lugar, das coisas em que é chamado a atuar livremente.  Vemos nos exemplos clássicos de hoje, diante de tantos recursos tecnológicos, o homem cria e modifica as coisas.

A tentação da tecnologia é onipresente e a expansão do pensamento pela representação complexifica e acelera o pensamento.  Os homens modernos deste século, com tantos recursos tecnológicos, conseguem representar mais facilmente seu pensamento, diante da rede mundial de computadores, a Internet. Creio que o maior recurso utilizado para tal, hoje em dia, seja as redes sociais, onde o indivíduo possui maior liberdade de manifestação e maior público, representa o seu pensamento, sua inovação, seu Ser.

Através das tecnologias vimos que usamos a articulação da linguagem para traduzir o pensamento com o alfabeto, sendo um acelerador cultural. Quando não existia tantos recursos para traduzir o pensamento, o homem utilizava sua língua como o principal recurso de comunicação e tradução do seu pensamento, através do alfabeto utilizando a fala.

Existe a necessidade de governar a tradução do pensamento desde a antiguidade:
Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas. (Sal 33,14)
Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para vossa edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem. (Ef 4,29)
Quanto à fornificação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos. (Ef 5,3)

Se os indivíduos usarem a sabedoria, naquilo que está representando o pensamento de outrem, poderão discernir, em determinados contextos, o que é bom ou mal.

Voltemos ao livro de Jó, onde em algumas de suas respostas ele diz:
Não discerne o ouvidor as palavras como o paladar discerne o sabor das iguarias?
Para defender Deus, ireis dizer mentiras. Será preciso enganardes em seu favor?
Tereis, para com ele, juízos preconcebidos, e vos arvorais em ser seus advogados?
Iríeis enganá-Lo como se engana um homem?
Quem fará sair o puro do impuro?"

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que o Espírito Santo nos faz discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior (Cf Lc 8,13-15; At 14,22; 2Tm 3,12) em vista de uma "virtude comprovada" (Cf. Rm 5,3-5), e a tentação, que leva ao pecado e à morte (Cf. Tg 1,14-15). Devemos também discernir entre "ser tentado" e "consentir" na tentação: aparentemente, seu objeto é "bom, sedutor para a vista, agradável" (Gn 3,6), ao passo que, na realidade, seu fruto é a morte.

O teólogo Orígenes diz que Deus não quer impor o bem, ele quer seres livres... Para alguma coisa a tentação serve. Todos com exceção de Deus, até nós mesmos. Mas a tentação o manifesta, para nos ensinar a conhecer-nos e, com isso, descobrir-nos nossa miséria e nos obrigar a dar graças pelos bens que a tentação nos manifestou.

Bibliografia
(1) A pele da Cultura
(2) Bíblia
(3) Catecismo da Igreja Católica

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