Num determinado dia numa quase paralisia do sono conversava com uma voz feminina que me dizia coisas maravilhosas, eu ficava encantada e sentia uma consolação muito grande em minha alma com aquelas palavras. A única coisa que me lembro é que essa voz tinha um carinho muito grande pelos padres e que na educação do meu filho, eu devia apenas me preocupar em ensinar ele a fazer escolhas. A voz não me disse como e nem por onde começar. Me pareceu um excelente conselho, porque nunca ninguém me ensinou a fazer tal. Mas tudo bem, isso não vem ao caso. Talvez tenham tentado me ensinar, mas não dei importância e não me lembro.
A primeira coisa que me veio em mente foi o livro dos exercícios espirituais de santo Inácio, o único livro que conhecia que tratava de como fazer uma escolha. É um método de meditação, para fazer resoluções e reforma de vida. Mas o método de eleição de santo Inácio para fazer uma boa escolha, é referente a grandes decisões na vida de uma pessoa. Não é no cotidiano.
Tenho tentado saber como fazer escolhas no cotidiano e para isso levei a pesar como surge uma escolha na vida de uma pessoa?
Ao meu ver, a escolha na vida de uma pessoa surge de um pensamento que pode ser uma ideia na mente ou durante o decorrer de um raciocínio. Alguns pensamentos podem ser aleatórios, induzidos por fatores externos, ou ainda, lembrança de um acontecimento anterior na vida da pessoa.
O primeiro ato é da pessoa abandonar o pensamento e a ideia, que também leva a uma escolha, a de alimentar a ideia ou não. Depois durante o pensamento a escolha que a pessoa faz pode levar a ela agir. Neste caso, o primeiro passo para essa segunda escolha é fazer ou não fazer. O primeiro é continuar no desenvolvimento da ideia/pensamento ou não.
Escolhas que levam a ações, geram consequências e podem interferir no que ocorrerá no futuro da pessoa ou também de outras pessoas ou ainda no ambiente. Na escolha de pensamento/ideia, a única consequência é somente com a própria pessoa.
Uma escolha não pode ser desfeita, então entra o conceito de responsabilidade por cada decisão feita. Uma escolha onde a pessoa atende um pedido ou uma ordem pode ser visto como um possível melhor caminho, desde que, essa ação não atinja um dos objetivos de excessos, paixões, ou seja, pecados. As melhores escolhas são as que podem partir de virtudes, ou que levam a tais.
A vida pode ser vista como um jogo, nesse caso, mas o único rival que se deve ter em mente é o própria vida.
Vamos a alguns exemplos:
Quando uma pessoa quer superar outra em algo, deixa de ter a virtude da humildade, e isso não seria uma boa escolha. A escolha deve gerar somente frutos bons e um deles é o exemplo, uma pessoa que quer superar outros, sem examinar os próprios defeitos e conserta-los, não parece ser um bom exemplo de vida. Ser convidado a estar próximo aos primeiros, parece ser melhor exemplo que a pessoa querer ser o primeiro em algo. Decidir ser o primeiro e superar outras pessoas geram consequências, exemplo, não se sabe se irão usar o que foi feito para um bem mesmo e a pessoa só está pensando em um dos objetivos. Ser primeiro em algo, é querer superar todos os outros que já existiram ou os que estão próximos dele. Isso pode causar inveja em outras pessoas, que pode ser visto como um excesso ou paixão, pois não é só quem tem inveja que está errado, mas aquele que quer ser destacado dos demais também. Querer se destacar que os demais é um excesso, o ideal é buscar um equilíbrio.
Um outro caso, as vezes o silêncio ou desistir de resolver um problema, que aparenta resolver problemas que poderiam salvar milhares de vidas, na realidade a possibilidade de poder salvar e matar estariam próximos. Do mesmo modo que um bisturi faz cortes precisos para uma cirurgia e salvar uma vida, ele pode ser usado em poucos segundos para cortar uma parte fatal do corpo para ocasionar a morte. Vemos que o dono da solução do problema teria o controle de onde seu trabalho seria utilizado? O conhecimento que a pessoa tem é a régua que será utilizada no juízo de sua própria consciência. A consciência tranquila vale mais a pena ou resolver o problema de milhares de vida?
Voltemos ao pensamento da escolha de pensar ou não determinada ideias. Talvez quem não queira alimentar muitas ideias em sua mente façam boas escolhas, mas para isso a mente não para e a pessoa deveria alimentar os seus pensamentos com coisas já conhecidas e não ter novas ideias, mas sim superando o entendimento do que já se sabe e vendo que se as escolhas passadas foram boas ou não, assim pode decidir se continuará com aquela ideia/pensamento. Vamos um exemplo, a pessoa que repete a mesma oração todos os dias, essa oração pode se referir a acontecimentos de virtudes de sua vida ou de outro ser. A cada dia ela não precisou fazer uma nova escolha de pensamento 💭, pois está repetindo algo e aprimorando a ideia ou pensamento. Novos pensamentos podem ser a porta para possíveis novos problemas mais graves ou resoluções, fazer o que já se conhece é mais garantido que algo novo. E a porta para novos pensamentos é a decisão de alimentar ou não determinada ideia que surge em sua mente.
Esse pensamento das orações que a pessoa escolheu repetir, não é novo e a consequência que se pode vir depois já foi estudada ou vivenciada, mas de maneira aprimorada.