sábado, 26 de abril de 2014

A Consciência Coletiva

Visão social, sexualidade e agressividade são, sobretudo, dominadas por componentes visuais. É por isso que olhar fixamente é um comportamento tão severamente controlado por códigos e regras precisas.

MESMO A MELHOR E MAIS ÚTIL TECNOLOGIA DO MUNDO NÃO PODE IMPOR-SE A UM PÚBLICO NÃO PREPARADO. Pode não haver espaço para ela nossa psicologia coletiva.

Esta consciência coletiva é o tipo de informação que as pessoas querem.

Descartes dizia que o bom senso é muito bem distribuído, onde todos acreditam ser tão bem providos. A consciência coletiva acredita ter bom senso. E Kerkhove afirma que é por isso que a maior parte das culturas humanas criou o objeto de visão livre (artes) e indivíduos de visão livre (padres, atores, filósofos e figuras públicas).


Perspectiva do mundo e sua representação matemática

Ver as coisas em perspectiva significa colocar tudo no seu lugar, com as proporções certas para a mente humana, a sua mente. Cada um tem seu jeito de pensar, de colocar as proporções das coisas na sua mente. Estas proporções estão ligadas diretamente com a racionalidade. A palavra racionalidade vem do latim ratio, que implica um sentido de proporcionalidade. Se virmos desta forma, teremos vários contextos diferentes, pois as pessoas vivenciam as coisas diferentes uma das outras. São vários contextos, várias visões, vários mundos. Colocamos cada um no seu lugar, como se tivesse montando uma matriz. Qual seria a relação de adjacência entre cada um? E o que dizer daqueles que vivem completamente fora do que a consciência coletiva define como realidade? Seria outras dimensões (matriz)? Suponhamos que sim. Logo não vivemos num mundo de apenas três dimensões. As tridimensionalidade está restrita aos nossos sentidos como visão e tato.
Digamos que existam conexões entre os elementos da matriz e que cada perspectiva de mundo, essas dimensões de cada um, seja a consciência da pessoa. Se existe uma relação de adjacência entre os elementos (pessoas). Se existe alguma adjacência entre os elementos existe uma forma de comunicação entre essas perspectivas. E essa forma de comunicação não é apenas através do alfabeto, pode ser que exista uma forma de comunicação além dos sentidos, um encontro de almas.

Essas conexões são as rédeas da consciência coletiva. Daí que os anúncios publicitários nos locais de maior audiência transmitem os pensamentos em  massa, a consciência coletiva. Também as novelas, filmes, etc. Depois de lançando a ideia geral em um meio de comunicação em massa, faz uma forma de Tratamento Ludovico em várias pessoas.

É assim também que se matam pessoas indiretamente. Ou acham que  o cara que atira no final é o único assassino?

Quem vencerá no final? O mal ou o bem?

Gabriel Chalita diz no prefácio do livro Ágape do Pe. Marcelo: o mal não pode vencer o bem. Se as atrocidades nos incomodam, se a banalização da violência nos assusta, é preciso ir além. Além do que nossos olhos podem ver, além do que os nossos sentidos podem captar. É preciso ir além e chegar ao recôndito do nosso coração, onde só a linguagem da alma, dos sentimentos, da simplicidade da fé é capaz de alcançar.

No Banquete de Platão diz que amor é a falta de algo, algo que não temos. As pessoas não estarão satisfeitas se não encontrarem Deus, se não virem o Deus Vivo.

Desde pequeno eu só queria lidar com as coisas sobre as quais me sentia seguro, e como todos os pensadores passei logo a desconfiar do que só podia ser visto ou tocado. A maioria acredita que chão, teto, o corpo de cada um, o sol etc. são as coisas mais indiscutíveis do mundo, mas logo depois de entrar para a escola eu vi que tudo era menos confiável do que números. Tome a espécie mais simples de número, um número de telefone, 339-6286, por exemplo. Existe fora de nós porque podemos encontrá-lo numa caderneta, mas podemos carregá-los em nossas cabeças precisamente como é, pois o número e nossa ideia dele são idênticos. Comparado a este número de telefone, nosso amigo mais íntimo é instável e traiçoeiro. Ele certamente existe fora de nós, e como nos lembramos dele, ele também existe, de uma maneira tênue, em nossas cabeças, mas a experiência mostra que nossa ideia do homem só é vagamente como ele. Não importa o quanto o conheçamos bem, o quanto o encontremos frequentemente, quão conservadores sejam seus hábitos, ele irá insultar constantemente a ideia que fazemos dele ao usar roupas novas, mudar de ideia, ficar mais velho ou doente, ou até mesmo morrer. Além do mais, minha ideia de homem nunca é a mesma que a dos outros. A maioria das disputas vem de ideias conflitantes sobre o caráter de um homem, mas ninguém briga sobre seu número de telefone, e se nos satisfizéssemos em descrever uns aos outros numericamente, dando a altura, o peso, data de nascimento, tamanho da família, endereço residencial, endereço do trabalho e (mais informativo do que tudo) a renda anual, veríamos que sob a dissonância de opiniões não dissonância sobre as realidades essenciais.
Lanark - Alasdair Gray

 

Ana - Ceifadora :-)

Bibliografia
A pele da Cultura, Kerkhove
Ágape, Pe Marcelo Rossi
Lanark, Alasdair Gray
Descartes (Coleção: Os pensadores)

Publicação atualizada em 16/06/2024